quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Mais spoilers de Casório?! A primeira noite de amor e o pedido de casamento

— O que foi? — sussurrou ele.  
— E se você me achar medonha? 
— E se você achar que eu sou medonho? 
— Mas você é lindo! — Dei uma risadinha. 
— Você também. 
— Estou tão nervosa — cochichei. 
— Eu também. 
— Não acredito em você. 
— Mas estou sim, sinceramente — afirmou ele. — Olhe aqui, sinta só os batimentos do meu coração. 
Aquilo me deixou cabreira. No passado, sempre que eu esticava a mão para sentir os alegados batimentos do coração de um rapaz, a minha mão era colocada sobre o membro ereto do tal rapaz, e depois esfregada para cima e para baixo ao longo do citado membro, em alta velocidade. Só que Daniel realmente colocou a minha mão sobre o seu coração. E, sim, era verdade. Parecia estar havendo um bocado de movimento dentro do seu peito. 
— Eu amo você, Lucy — disse ele. 
— Eu amo você também — afirmei, tímida. 
— Deixe eu lhe dar um beijo — pediu ele. 
— O.k. — Levantei o rosto, mas fechei os olhos. Ele beijou meus olhos, minhas sobrancelhas, foi beijando ao longo da minha testa, junto do cabelo, e depois veio descendo lentamente até o pescoço. Beijos leves e sedutores que quase não dava para agüentar de tão prazerosos. Então ele beijou o canto da minha boca e suavemente puxou meu lábio inferior com os dentes. 
— Pode pular a parte de me deixar com as costas arqueadas de prazer — reclamei — e me beije direito. 
— Bem, se a minha forma de beijar não está de acordo com as expectativas da madame... — E riu. Então fez aquele jeito maroto, com a boca torta, que ele sabia fazer tão bem. E eu o beijei. Não consegui me segurar. — Achei que você havia dito que estava nervosa — comentou ele. 
— Shh... — Coloquei meu dedo sobre seus lábios. — Quase me esqueci disso por um segundo. 
— Que tal se eu me deitar aqui na cama e você deitar bem aqui junto de mim, em meus braços? — perguntou ele, enquanto me puxava para trás, junto dele, por sobre a cama. — Isso é muito teatral para você? 
— Não, isso foi legal, embora tenha sido feito de forma desajeitada — disse eu para o peito dele. 
— Há alguma chance de você tornar a me beijar, Lucy? — sussurrou ele. 
— O.k. — sussurrei de volta. — Mas não quero nenhum movimento brusco e astuto de sua parte, como arrancar o meu sutiã de uma vez só, por exemplo. 
— Não se preocupe, Lucy, vou ficar só apalpando, de forma meio desajeitada. 
— E não me venha com essa de perguntar: "Ora, o que é isso, Lucy?", e fazer surgir as minhas calcinhas de trás da minha orelha. Entendeu? — perguntei, com a cara feia. 
— Mas esse era o meu truque especial — reclamou ele. — E a coisa mais espetacular que consigo fazer na cama. 
Tornei a beijá-lo e relaxei um pouco. Era maravilhoso ficar ali deitada, tão junto dele, inalando o cheiro de Daniel, tocando o seu rosto maravilhoso. Nossa, ele era muito sexy! 
— Você me ama mesmo? — tornei a perguntar. 
— Lucy, eu amo você tanto, tanto... 
— Não, quero saber se me ama no duro, de verdade mesmo. 
— No duro, sério, de verdade mesmo — disse ele, olhando-me nos olhos. — Mais do que já amei qualquer outra pessoa, mais do que você pode imaginar. 
Relaxei por um segundo. Apenas por um segundo. 
— Sério mesmo? — perguntei. 
— Sério. 
— Não, Daniel, estou perguntando na boa, é sério mesmo?
— Sério, sério! 
— O.k. 
Houve um curto silêncio. 
— Você não se incomoda de eu ficar perguntando toda hora, não é? — perguntei. 
— Nem um pouco. 
— É que preciso ter certeza total. 
— Compreendo perfeitamente. Você acredita em mim? 
— Acredito. 
Continuamos deitados, sorrindo um para o outro. 
— Lucy? — disse Daniel. 
— Que foi? 
— Você me ama de verdade? 
— Daniel, eu amo você de verdade. 
— Não, Lucy — disse ele, meio sem graça. — Eu quero saber se você me ama de verdade, sério mesmo. No duro, realmente? 
— Realmente, no duro, eu amo você, Daniel. 
— Sério? 
— Sério. 
Muito, muito devagar, ele começou a tirar as minhas roupas, conseguindo de forma magistral abrir zíperes e arrancar botões de pressão que eram difíceis de ser arrancados. A cada vez que abria um botão, me beijava por mais ou menos uma hora antes de abrir o seguinte. Ele me beijou em toda parte. Bem, quase em toda parte, graças a Deus ele deixou meus pés em paz. A Fergie, do conjunto Black Eyed Peas, ia ter muito que explicar: os homens pareciam achar que precisavam lamber os dedos dos pés das mulheres antes de completar suas tarefas na cama. Há alguns anos, a onda era cunni-lingus, que eu sempre achei a parte mais chata do sexo. Enfim, eu não gostava de homens chegando com a boca perto dos meus pés, a não ser que eu tivesse sido avisada com antecedência. Pelo menos com antecedência suficiente para ir à pedicure e dar uma caprichada. Ele me beijou, abriu botões, continuou me beijando e abaixou a minha blusa no ombro, só de um lado, tornou a me beijar, abaixou a blusa no outro ombro, me beijou de novo, não fez comentários sobre as manchas de tinta cinza nas minhas calcinhas brancas, me beijou novamente, disse que os meus seios não pareciam ovos fritos, tornou a me beijar, disse que eles pareciam pãezinhos de hambúrguer, me beijou de novo. 
— Você é tão linda, Lucy — dizia ele, sem parar. — Eu amo você. 
Até que fiquei sem roupa nenhuma. Havia algo de muito erótico em estar nua enquanto ele ainda estava completamente vestido. Cobri meus seios com os braços e me encolhi toda de lado, como uma bola. 
— Coloque seu instrumento para fora — disse eu, dando uma risadinha. 
— Você é tão romântica, Lucy — disse ele, tirando um dos meus braços de cima do peito, e depois o outro. — Não fique escondendo o seu corpo — pediu. — Você é linda demais! 
Com carinho, forçou meus joelhos a se afastarem do peito também. 
— Pára com isso — pedi, tentando esconder minha excitação. — Como é que pode?, eu estou aqui, sem um fiapo de roupa sobre o corpo e você ainda está todo vestido? 
— Posso tirar as roupas também, se você quiser — brincou ele. 
— Então tire — disse eu, tentando ser esperta. 
— Peça para eu tirar. 
— Não. 
— Então é você que vai ter de tirar minha roupa. 
E eu tirei as roupas dele. Meus dedos tremiam tanto que mal consegui abrir os botões da camisa. Mas valeu a pena. Ele tinha um peito lindo. Com a pele lisa e uma barriga perfeita, bem reta. Tracei a linha de pêlos que saía do umbigo dele com a unha, descendo até o cinto, e um arrepio me percorreu por dentro quando o ouvi gemer. Com o canto dos olhos, dei uma olhada rápida na parte da calça que ficava entre suas pernas e fiquei assustada e excitada, quando notei o jeito como o tecido estava esticado. Finalmente consegui reunir coragem suficiente para começar a abrir lentamente as suas calças. O problema é que eu não estava acostumada a homens que usavam terno. As calças de Daniel tinham um sistema de botões e zíperes tão complicado que rivalizava com o sistema de segurança de Fort Knox. Finalmente, conseguimos liberar sua ereção esticada por trás da cueca. Ele passou no teste das roupas íntimas. O que era bem mais do que o que se podia dizer das minhas. As calcinhas que eu estava usando já tinham visto dias melhores, a maior parte deles dentro da máquina de lavar, misturadas, por engano, com roupas pretas. Ele era lindo. E havia algo que o tornava ainda mais atraente para mim. Ele não era perfeito. Embora seu corpo fosse lindo, não era elaboradamente malhado, com a musculatura toda esculpida como a daqueles caras que passavam a vida na academia. A sensação de sua pele sobre a minha era indescritível. Tudo me parecia tão mais sensível! A pele da parte de dentro dos meus braços parecia formigar quando eu os envolvia nas costas dele. A sensação da firmeza de suas coxas em contato com a maciez das minhas me deixava toda mole, e sua ereção de encontro à minha umidade era explosiva. Todo o embaraço se fora. Apenas o desejo permanecera. Quando eu via o seu olhar, não sentia mais uma necessidade de rir histericamente. Havíamos conseguido ultrapassar a linha: não éramos mais Daniel e Lucy, éramos um homem e uma mulher. Não mencionamos controle de natalidade, mas, quando o momento chegou, nos comportamos como dois adultos responsáveis vivendo os tempos modernos do HIV positivo. Ele fez surgir uma camisinha e eu o ajudei a colocá-la. E então, nós... hã... vocês sabem. Ele gozou em menos de três segundos. Era de virar a cabeça, de tão erótico, ver o rosto de Daniel se contorcer todo em êxtase, êxtase provocado por mim. 
— De-desculpe, Lucy — gaguejou ele. — Não consegui me segurar. Você é tão linda, e eu a desejava há tanto tempo... 
— E eu achava que você fosse brilhante na cama — reclamei, para implicar com ele. — Nunca me disseram que você era uma mercadoria defeituosa, com ejaculação precoce. 
— Mas eu não sou — protestou, ansioso. — Isso não acontecia desde a minha adolescência. Deixe passar uns cinco minutos e eu vou provar isso pra você. 
Fiquei envolvida no círculo formado pelos seus braços e ele continuou com a constante cobertura de beijos, enquanto acariciava minhas costas, minhas coxas e o meu estômago. E em um espaço de tempo admiravelmente curto, conseguiu se preparar para fazer amor comigo novamente. A segunda vez levou séculos, e ele fez tudo de forma bem lenta, quase me levando à loucura, com toda a atenção focada apenas em mim, no que eu queria e sentia. Ninguém jamais fora assim tão generoso e desprendido comigo na cama. E atingi o clímax como jamais havia conseguido antes, estremecendo e vibrando involuntariamente, com os olhos arregalados de tanto choque e prazer. Dessa vez, quando ele gozou, manteve os olhos abertos e olhou para mim. Quase me dissolvi com aquilo de tão erótico que foi. Nós nos abraçamos fortemente, era como se não conseguíssemos ficar próximos um do outro o suficiente. 
— Gostaria de poder abrir a minha pele para colocar você todinha dentro de mim — disse ele. E também senti o que ele queria dizer. Ficamos em silêncio por algum tempo. — E então, até que não foi assim tão mau, foi? — perguntou Daniel. — Do que é que você estava com medo? 
— De um monte de coisas. — Ri. — De que você pudesse achar que eu tinha um corpo horrível. De que você pudesse me obrigar a fazer coisas estranhas. 
— Você tem um corpo lindo. E que coisas estranhas são essas? Sacos plásticos e laranjas? 
— Bem, não exatamente, porque você não é membro do Parlamento inglês, mas outras coisas.  
— Agora eu fiquei bolado. O que é que anda rolando por aí? 
— Você sabe — disse eu, meio sem graça. 
— Não sei não — afirmou ele. 
— Bem — expliquei —, é que tem alguns homens que falam assim, tipo "dá para você plantar uma bananeira, gata?... isso... não se preocupe com a dor, já me disseram que depois de um tempo fica mais fácil de agüentar. Agora, mantenha as suas pernas em um ângulo de cento e trinta graus uma da outra, porque vou tentar entrar por trás, e aí você vai poder mexer o corpo todo, fazendo um movimento de pinça, fechando mais ou menos oito graus, não, eu disse oito graus, você está fechando dez graus, sua burra, está querendo me matar?", esse tipo de coisa. 
Ele começou a rir sem parar, e isso foi maravilhoso também. E então, agora mais sonolentos e mais relaxados, fizemos amor de novo. 
— Que horas são? — perguntei, mais tarde. 
— Umas duas da manhã. 
— Você vai ter que trabalhar de manhã? 
— Vou. Você vai também? 
— Vou, acho que era melhor a gente tentar dormir um pouco — disse eu. Mas não dormimos. Eu estava morrendo de fome, então Daniel foi até a cozinha e voltou com um pacote de biscoitos de chocolate. Ficamos ali, deitados na cama, e comemos tudo, abraçados um ao outro, nos beijando e falando sobre muitas coisas e nada em particular. 
— Acho que eu devia entrar para uma academia — disse ele, com cara de lamento, espetando o estômago com o dedo. — Se eu soubesse que isto ia acontecer, teria começado a malhar há alguns meses. 
Isso, mais do que qualquer outra coisa, me fez sentir ligada a ele. Quando acabamos com os biscoitos, ele me ordenou: 
— Levante-se. 
Eu me levantei. Ele começou a sacudir o lençol com vigor, para limpar as migalhas. 
— Não aceito que a mulher que eu amo durma sobre migalhas de biscoito de chocolate — explicou. Enquanto eu sorria para ele, o telefone tocou e eu dei um pulo de quase um metro. Daniel atendeu. 
— Alô... Oi, alô, Karen... sim, na verdade eu estou na cama. Silêncio. 
— Lucy? — perguntou ele, lentamente, como se jamais tivesse escutado o meu nome. — Lucy Sullivan? Outro silêncio. — Lucy Sullivan, a garota que divide o apartamento com você? Essa Lucy Sullivan? Sim, ela está bem aqui, ao meu lado. Sim, isso mesmo, bem aqui ao meu lado, na cama — disse ele. — Você quer falar com ela? Fiz todos os tipos de gestos frenéticos de negação, formei uma cruz com os dois dedos indicadores e os segurei com firmeza, bem diante do fone. — Ah, sim! — respondeu Daniel, todo alegre. — Três vezes. Não foram três vezes, Lucy? 
— O que foram três vezes? — perguntei. 
— O número de vezes que nós fizemos amor nas últimas duas horas. 
— Hã... foi sim... três — disse eu, baixinho. 
— Foi sim, está confirmado, Karen... Três vezes. Mas estamos planejando fazer mais uma vez antes de o dia raiar. Há mais alguma coisa da qual você queira ser informada? 
Ouvi gritos e desaforos de Karen. Deu para ouvir até o barulho do fone sendo desligado, de tanta força que ela usou para batê-lo na cara de Daniel. 
— O que foi que ela disse? — perguntei. 
— Que espera que peguemos Aids um do outro. 
— Só isso? 
— Hã... sim. 
— Pára com isso, Dan, o que mais ela disse? 
— Lucy, não quero deixar você chateada... 
— Então, tem que me contar, agora. 
— Ela disse que dormiu com o Gus enquanto você estava saindo com ele. 
Daniel ficou olhando para mim com preocupação. 
— Isso a deixou chateada? 
— Não, estou mais é aliviada. Eu sempre senti que havia mais alguém. Mas, e você, ficou chateado? 
— Por que eu deveria ficar chateado? Eu não estava saindo com o Gus... 
— Não, mas estava saindo com Karen na mesma época em que eu estava saindo com o Gus. Se ela dormiu com o Gus, então... 
— Ah, entendi — disse ele, com uma cara alegre. — Isso quer dizer que ela me chifrou. 
— Você se importa? — perguntei, preocupada. — É claro que não me importo. Não ligo a mínima para o fato de Karen ter dormido com ele. Era você dormindo com ele que me deixava chateado. 
Continuamos em silêncio depois de nosso círculo de felicidade ter sido rompido. 
— Vou ter que me mudar de lá — disse eu, finalmente. 
— Pode se mudar para cá — ofereceu ele. 
— Não seja ridículo — reagi. — Estamos um com o outro há apenas três horas e meia. Não é um pouco cedo para começar com esse papo de morar junto? 
— Morar junto? — Daniel pareceu chocado. — Quem é que falou em morar junto? 
— Você. 
— Não, eu não! Tenho o maior medo da sua mãe para fazer uma sugestão como esta; viver em pecado com a sua única filha. 
— Bem, nesse caso, sobre o que você está falando? 
— Lucy — disse ele, meio sem graça —, é que eu estava... hã... você sabe... perguntando a mim mesmo se... 
— O quê? 
— Será que não haveria alguma chance...? Você sabe...? 
— Alguma chance de quê? 
— Você provavelmente vai achar que é muita ousadia de minha parte pedir uma coisa dessas, mas é que eu a amo tanto que... 
— Daniel! — implorei. — Por favor, me conte logo sobre o lance em que você está pensando.  
— Você não precisa me dar a resposta agora mesmo, nem nada assim, correndo. 
— Dar a resposta para o quê? 
— Pode levar o tempo que quiser pensando no assunto, leve séculos, se achar melhor. 
— Pensar EM QUE ASSUNTO? — berrei. 
— Desculpe, eu não queria deixar você tão irritada, mas é que eu, hã... bem... 
— Daniel, o que você está tentando me dizer? 
Ele fez uma pausa, respirou bem fundo e soltou, de uma vez só: 
— Lucy Carmel Sullivan, você aceita se casar comigo?

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