quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Fly Jane Eyre to the moon

Eis o meu trecho favorito de Jane Eyre, onde o Sr. Rochester (o Mr. Darcy à la Brontë) dá uma de Frank Sinatra em Fly me to the moon
— [...] eu vou levar mademoiselle para a lua, e ali buscarei uma caverna num dos vales brancos entre os cumes dos vulcões, e mademoiselle viverá comigo lá, só comigo. 
— Ela não terá nada para comer; o senhor vai matá-la de fome — observou Adèle. 
— Apanharei maná para ela de manhã e de noite: as planícies e encostas da lua estão brancas de maná, Adèle! 
— Ela precisará de se aquecer: que usará para fazer uma fogueira? 
— O fogo brota das montanhas lunares; quando ela tiver frio, eu a carregarei para um pico, e a depositarei na beira de uma cratera. 
Oh, qu'elle y será mal... peu confortable!* E as roupas dela, que se gastarão, como poderá conseguir novas? 
* Oh, como ela ficará mal, lá... pouco confortável! (N. do T.) 
O Sr. Rochester admitiu que estava enrascado. 
— Hem! — disse. — Que faria você, Adèle? Esprema o cérebro para arranjar um jeito. Que tal uma nuvem branca ou rosa para um vestido, hem? E podia-se fazer uma bela echarpe com um pedaço do arco-íris. 

(É claro que há versões melhores, mas preferi deixar aqui uma do Frank Sinatra.)

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Jane Eyre

Charlotte Brontë - Jane Eyre (título original)

Para fazer Jane Eyre, eu daria a seguinte receita:

  • A história de amor de Orgulho e Preconceito;
  • O tormento do fantasma da primeira esposa de Rebecca;
  • Um pouco de sofrimento, presente em Morro dos ventos uivantes

Não acho que as obras em questão sejam comparáveis, uma vez que possuem focos diferentes. Contudo, pode-se fazer correlações entre elementos presentes nessas obras. A infância de Jane Eyre inevitavelmente me fez lembrar da infância dos intensos personagens de O morro dos ventos uivantes. Confesso que até pensei, "que droga, aquele melodrama de novo; querer um final feliz é pedir demais?". Como as autoras são irmãs, pensei que Charlotte tivesse o mesmo gosto pelo sofrimento humano de Emily, mas a semelhança entre elas é outra. Como sua irmã Emily, a autora de Jane Eyre sabe conduzir o leitor na narrativa. Em um momento, o leitor sofre com a protagonista; em outro, ela esquece seu sofrimento e o mesmo faz o leitor. Apesar de ter algo de Orgulho e Preconceito, com um Mr. Darcy à la Brontë, não é previsível como os romances de Jane Austen. 
O que relaciona Rebecca e Jane Eyre (menciono aqui os romances e não as personagens) é somente o contexto da outra mulher. O foco de Jane Eyre não é esse, embora seja o caso de Rebecca. Além disso, a atitude das segundas esposas em questão é totalmente diferente. Jane é mesmo muito diferente da segunda Mrs de Winter. O interessante é que, na minha edição de Rebecca (Virago Modern Classics, 441 páginas), Jane Eyre é citado. 

O que eu acho mais fantástico em Jane Eyre é que a autora encontrou o equilíbrio perfeito entre o tudo-dando-certo, de Jane Austen, e o tudo-dando-errado, presente em Morro dos ventos uivantes. O que eu quero dizer é que não é água-com-açúcar, mas também não é lágrimas-com-fel. Ou seja, é exatamente a vida como ela é. Jane tem momentos bons e momentos ruins, assim como você e eu. Apesar de alguns elementos incomuns, o leitor se sente como se estivesse diante da vida de uma pessoa real, com altos e baixos. 
Outra coisa fantástica em Jane Eyre é a imprevisibilidade. Quando passei da metade do livro, ainda não tinha a menor ideia do que aconteceria. Realmente é um ótimo livro.

domingo, 26 de agosto de 2012

Rebecca, de Daphne du Maurier

É obrigação de todo bookaholic que se preze ler o livro que tenha como título o seu nome, pelo menos o mais famoso deles. De início, relutei para ler o clássico de Daphne du Maurier. Isso porque até então eu tinha lido sinopses muito ruins, que davam a impressão de se tratar de uma história de fantasmas, suicídio, mansão mal-assombrada e tudo o mais. Um tempo depois, minha vontade de ler um livro com meu nome superou essa má impressão, então, comprei o livro e comecei a ler.

A história se passa na primeira metade do século XX. Os primeiros capítulos fazem parecer que o livro vai ser realmente bom. A heroína, que é a própria narradora, se apresenta gradualmente: uma inglesa sem nome (a autora preferiu não mostrar o nome verdadeiro da personagem, que apenas menciona que seu nome é frequentemente escrito de maneira errada), que trabalha como uma espécie de dama-de-companhia para uma mulher desagradável, Mrs. Van Hopper. Ficamos sabendo que nossa heroína é relativamente pobre, não tem o que se possa chamar de família e tem 21 anos. A história então, começa a se desenrolar.

Viajando pela França com Mrs. Van Hopper, a nossa heroína sem nome conhece o Mr. de Winter, um viúvo todo misterioso de 42 anos, bonito e muito rico, que coincidentemente estava hospedado no mesmo hotel que elas. Eles começam a sair juntos, sem que Mrs. Van Hopper saiba, aproveitando alguns dias em que esta esteve doente. Um belo dia, tendo sua saúde reestabelecida, de repente, não mais que de repente, a mulher decide ir para Nova Iorque. Levando a dama-de-companhia, obviamente. Temos, então, aquele choradeira toda, tadinha de mim, vou ficar longe do meu amor, etc etc.

O dia seguinte chega e, para piorar,  Mrs. Van Hopper decide antecipar a passagem de trem. E que tortura para nossa heroína! Mrs. Van Hopper manda ela mesma fazer isso. Desesperada, a pobrezinha sai do quarto da Mrs. Van Hopper e vai direto para o quarto do Mr. de Winter. Uma mocinha sozinha em um quarto de hotel com um viúvo na década de 1930? Apesar de inexpressiva, um pouco de ousadia nossa heroína tem. Confesso que ri bastante nessa parte. De um lado ela, muito nervosa, tendo que lidar com a separação e, ainda, com muita pressa, porque a intenção dela era somente se despedir; de outro, ele, muito calmo, deixa claro não estar nem com um pingo de pressa e praticamente dá um chá de cadeira nela.

Nesse caso, libertar-me-ia de todo o constrangimento e recato. Atirei com a porta da sala e subi apressadamente as escadas até ao terceiro andar. Sabia o número do quarto dele. Era o 148. Bati à porta insistentemente, muito corada e ofegante. 
— Entre! — gritou. 
Abri a porta, sentindo que a coragem me abandonava. Estava a barbear-se, junto da janela aberta. Tinha um casaco de pêlo de camelo sobre o pijama. Senti-me mal vestida com o meu fato de flanela de lã e os sapatos grossos. Não passara de uma tonta quando dramatizara a situação. 
— Que quer? — perguntou. — Aconteceu alguma coisa? 
— Venho dizer-lhe adeus. Partimos hoje de manhã. Ficou a olhar para mim. Depois, colocou a máquina de barbear no lavatório: 
— Que está a dizer? — É verdade. Partimos hoje. Estava combinado que seguiríamos no segundo trem, mas Mrs. van hopper agora quer apanhar o primeiro. Receei não poder voltar a vê-lo. 
As palavras atropelavam-se umas às outras: 
— A nossa partida foi decidida ontem. A filha embarca para Nova Iorque no sábado e nós vamos acompanhá-la na sua viagem. 
— Mrs. van hopper vai levá-la para nova iorque? 
— Sim, e contra a minha vontade. Vou detestar tudo aquilo. 
— Então, porque diabo vai com ela? 
— Bem sabe que tenho de ir. Preciso trabalhar. 
— Sente-se, — ordenou-me. — não me demoro. Vou vestir-me no banheiro. 
Pegou a roupa, que estava numa cadeira, atirou-a para o chão do banheiro e entrou batendo com a porta. Dentro de cinco minutos estava pronto. 
— Venha comigo até ao terraço enquanto tomo o café da manhã — disse. 
Olhei para o relógio. — Não tenho tempo — respondi. 
— Não se preocupe com isso. Preciso lhe falar. 
Descemos no elevador e saímos para o terraço, onde havia mesas preparadas para o café da manhã. 
— Que quer tomar? — perguntou-me. 
— Nada, obrigada. já tomei o meu café da manhã. 
— Traga-me café, um ovo cozido, torradas e uma tangerina — ordenou ao criado. Depois virou-se para mim: 
— Então, quer dizer que Mrs. Van Hopper quer voltar à sua terra. Eu também. Ela para Nova Iorque, eu para Manderley. Qual prefere? Pode escolher. 
— Não brinque, é desleal. 
— Se pensa que sou daquelas pessoas que tentam fazer-se engraçadas ao café da manhã, está enganada — prosseguiu. — Repito: Ou vai para a América com Mrs. Van Hopper ou vem comigo para Manderley. 
— Quer dizer que precisa de uma secretária ou qualquer coisa semelhante? 
— Não, estou a pedir-lhe em casamento, sua boba. 
O criado apareceu com o café da manhã. Sentei-me com as mãos no colo. 
— Não compreende — retomei quando o criado se afastou — que não sou a espécie de pessoa com quem um homem queira casar? 
— Que diabo quer dizer com isso? — perguntou, olhando-me fixamente. 
— Não sei bem — respondi lentamente. — Por exemplo, não pertenço ao seu meio. 
— Qual é o meu meio? 
— Bem... Manderley. Sabe o que eu quero dizer, não é verdade? 
Ele serviu-se da compota. — Sou eu que devo decidir se pertence a Manderley ou não. Pensa que lhe estou a falar neste assunto forçado pelos acontecimentos, não é verdade? Porque sei que não quer ir para Nova Iorque. Julga que lhe peço que case comigo pela mesma razão pela qual imaginava que a levava a passear de automóvel, ou seja, por caridade, não é assim? 
— É verdade. 
— Um dia — continuou, barrando bem as torradas, — compreenderá que a filantropia não é uma das minhas qualidades básicas. Mas não respondeu à minha pergunta. quer casar comigo? 
Nunca considerara esta hipótese, nem mesmo nos momentos em que imaginava as coisas mais absurdas. Uma vez, durante um dos nossos passeios, começara a arquitectar uma história desconexa onde ele aparecia muito doente, penso que a delirar. Mandava-me então chamar e eu ia tratá-lo na sua doença. estava precisamente na altura em que eu lhe perfumava a cabeça com água-de-colónia quando chegámos ao hotel, ficando assim interrompida a minha história. Esta súbita alusão a casamento aturdia-me, penso mesmo que quase me escandalizava. Era como se um príncipe pedisse a minha mão. Soava falso. Nos romances, os homens ajoelhavam-se aos pés das mulheres e havia luar. Estas coisas não aconteciam no café da manhã e nunca desta maneira. 
— Parece-me que não lhe agrada muito a minha sugestão. — acrescentou. — Peço desculpa mas pensei que gostasse de mim. Sinto-me ferido no meu amor-próprio. 
— Mas eu gosto de si, gosto terrivelmente. Chorei toda a noite, sentindo-me muito infeliz, a pensar que não voltaria a vê-lo. 
Ao ouvir-me riu-se e estendeu-me a mão. — Deus a abençoe pelo que disse. É uma pena que tenha de crescer. 
Senti-me envergonhada e também zangada com o seu riso. Quer dizer que as mulheres adultas não diziam estas coisas aos homens. 
— Então está resolvido, não é verdade?  — perguntou-me enquanto continuava a tomar o café da manhã. — Em vez de servir de companhia a Mrs. Van Hopper faz companhia a mim. Tal como ela, também gosto de requisitar livros novos nas bibliotecas, de flores na sala e de jogar o besigue depois de jantar: e de alguém para me servir o chá. 
Eu tamborilava com os dedos sobre a mesa, sentindo-me indecisa tanto por mim, como por ele. Levantou os olhos e notou a ansiedade que transparecia no meu rosto. 
— Estou sendo um pouco rude, não acha? Este pedido de casamento não aconteceu, de maneira alguma, como imaginara nos seus sonhos. Devíamos estar num jardim-de-inverno. O seu vestido seria branco e teria uma rosa na mão. Ouvir-se-ia um violino tocar uma valsa cujos acordes se perdiam na distância. E, abraçando-a, beijá-la-ia apaixonadamente junto de uma palmeira. Pobre querida! Não se preocupe. Iremos a Veneza passar a nossa lua-de-mel e, de mãos dadas, deslizaremos numa gôndola pelos canais. Mas não ficaremos lá por muito tempo, pois quero mostrar-lhe Manderley. 
Desejava mostrar-me Manderley... E subitamente compreendi que tudo isto ia acontecer. Seria a sua mulher. Juntos percorreríamos o jardim, lado a lado desceríamos vagarosamente a vereda que conduzia à praia. Dei, por fim, livre curso à imaginação. Vultos tomaram forma no meu espírito. As mais variadas cenas perpassaram diante dos meus olhos. E durante todo este tempo, ele continuava a comer uma tangerina, dando-me um gomo de vez em quando e perscrutando o meu rosto. Eu via-nos a ambos no meio de uma multidão e ele diria: "ainda não conhece a minha mulher, pois não?" a senhora de Winter, eu seria a senhora de Winter. Pessoas, muitas pessoas à nossa volta. "É simplesmente encantadora. tem de conhecê-la." E era a mim que se referiam, em surdina, no meio de toda aquela gente. Eu afastar-me-ia, fingindo não ter ouvido. 
— Qual de nós irá dar a notícia a Mrs. Van Hopper? — perguntou- me, enquanto dobrava o guardanapo e afastava o prato.  
— Preferia não ser eu. Ela vai ficar furiosa. 
Levantámo-nos da mesa. Subimos no elevador e percorremos a distância que nos separava dos aposentos de Mrs. Van Hopper. Pegou-me na mão, que fazia balançar ao ritmo dos nossos passos. 
— Acha-me muito velho com quarenta e dois anos?
— De maneira nenhuma — respondi apressadamente. — Não gosto de rapazes muito novos. 
— Mas nunca conheceu nenhum. 
Chegamos à porta dos aposentos de Mrs. Van Hopper. 
— Acho melhor encarregar-me deste assunto sòzinho. Diga-me: Tem alguma objeção a casarmos rapidamente? Com certeza não quer um enxoval ou qualquer outra coisa igualmente absurda. É que tudo se pode resolver com a maior facilidade dentro de poucos dias. Trata-se dos papéis, realiza-se a cerimónia do casamento junto à secretária de um cartório do registo civil, e depois partimos de automóvel para Veneza ou qualquer outro local que prefira. 
— Então, não nos casamos na igreja? Não me visto de noiva, nem tenho damas de honra? E os seus parentes e amigos? 
— Esquece-se que já me casei uma vez assim. 
— Tem razão. — Sorri com uma expressão alegre. — Até vai ser engraçado. 
Entramos no pequeno corredor de acesso aos aposentos.  
— És tu? — Chamou Mrs. Van Hopper da sala de estar. — Que tens andado a fazer para te teres demorado tanto? 
Invadiu-me um desejo súbito de rir e chorar ao mesmo tempo. 
— Parece-me que o culpado sou eu — respondeu ele, entrando na sala e fechando a porta atrás de si. Ouvi a exclamação de surpresa de Mrs. Van Hopper. Dirigi-me ao meu quarto e sentei-me ao pé da janela aberta. Claro que teria sido melhor, pelo menos mais natural, entrarmos ambos na sala de mãos dadas, rindo e dizendo, enquanto sorríamos um para o outro: "Amamo-nos muito. Vamos nos casar." Amamo-nos? Ele ainda não me tinha falado de amor. Talvez não tivesse tido tempo. Acontecera tudo tão depressa à mesa do café da manhã. Não me pedira em casamento como faria um homem mais novo, dizendo palavras absurdas que provavelmente não sentiria. Com certeza não me falara a mim como o fizera, pela primeira vez, a Rebecca. Não devo pensar assim. São pensamentos proibidos, inspirados por demônios. Lá estava o livro de poemas à cabeceira da minha cama. Esquecera-se de que mo havia emprestado. "Anda," segredavam os demônios. Peguei o livro. Abriu-se na primeira página. Para Max - de Rebecca. Retirei a tesoura de unha do estojo de toilette e cortei a folha. Não deixei arestas dezitadas. Sem aquela página o livro tinha um aspecto impecável. Rasguei a folha, acendi um fósforo e queimei os bocados de papel. A letra R foi a última a desaparecer, torcendo-se nas chamas, tornando-se maior que nunca. Por fim, desfez-se também; o fogo destruiu-a. Senti-me melhor, muito melhor. A porta abriu-se. Ele entrou, sorrindo.
— Está tudo resolvido — exclamou.

Você já percebeu que ela começou mal, fazendo comparações com a falecida. Antes que eu prossiga, vou falar um pouco sobre a Rebecca. A primeira Mrs. de Winter era dona de uma beleza estonteante e de uma personalidade forte. Era admirada por todos e os criados de Manderley permaneceram leais a ela mesmo depois do seu falecimento. Ela, que tinha o costume de fazer passeios solitários de barco, acabou morrendo afogada, tentando nadar em direção à praia, numa noite que seu barco afundou.

Para analisar Rebecca, eu divido o livro em três partes:
1 - O início, que, por sua vez, poderia ser dividido em duas partes:
a) Uma introdução feita em um espaço-tempo que sucede os acontecimentos do restante do livro (Essa forma de expor os fatos como lembranças, como se o livro fosse, na verdade, um grande flashback, torna a narrativa muito especial.);
b) Os fatos que precedem o retorno de Mr. de Winter a Manderley, sendo o principal deles o "namoro" da narradora com Maximiliam.

2 - O que eu chamo de Manual do que não fazer quando se casar com um viúvo. A nova Mrs. de Winter deixa-se atormentar pelo que seria o fantasma de Rebecca. Não existe um fantasma propriamente dito, embora a governanta tente assustá-la contando que, de vez em quando, ela ouve os passos da falecida pelo casarão. A heroína fica com dois conflitos: Primeiro, achando que Maxim ama mais a falecida do que a ela mesma. Esse pensamento praticamente a consome por completo. Segundo, ela se deixa levar pelos empregados da casa, que a fazem agir como a Rebecca. Então, ela passa a copiar alguns atos da falecida, o que, obviamente, não tem um resultado muito bom;

3 - A última parte. É excelente a forma como du Maurier conduz a narrativa. Na parte 1, o livro promete ser muito bom. Na parte 2, o livro entra em uma monotonia e você passa a ter certeza de que o ele não vai sair disso. Na parte 3, você é pego de surpresa e, puxado pelo pé, pensa: QUE ANGU DE CAROÇO! Então, plot twist atrás de plot twist, a promessa da primeira parte se cumpre. Prefiro não dar mais detalhes. 

Só digo mais uma coisa: Leia, pois vale a pena.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

O morro dos ventos uivantes

Emily Brontë - Wuthering Heights (título original)

Não é o tipo de livro que gosto de ler, mas um bom livro é sempre um bom livro. A narrativa é muito bem construída. A forma como a autora desloca o foco do leitor através das gerações mostradas no livro é fantástica. Além disso, os personagens também são bem construídos, são bastante humanos. Nenhum deles é bom e todos têm sua carga de maldade. Por serem mais humanos, são mais emocionalmente intensos que personagens de Jane Austen, por exemplo. É impossível não se comover com Morro dos ventos uivantes, mas é fácil não derramar uma lágrima sequer por Jane Bennet e Charles Bingley. O morro dos ventos uivantes é isto: o amor levado a uma questão de vida ou morte.

Nelly, eu sou Heathcliff. Sempre, sempre o tenho no meu pensamento. Não é como um prazer – porque eu também não sou um prazer para mim própria  – , mas como o meu próprio ser. Portanto, não fale mais em separação: é impraticável. (Catherine Earnshaw, personagem de Wuthering Heights) 

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

A letra "D"

Esse post é sobre um sonho que tive no início do ano. 
Minha chefe me chamou para falar em particular e disse que houve problemas com minha documentação, o que era um problema para mim, já que, sem a documentação OK, eu não receberia meu pagamento. Fiquei um pouco preocupada, mas não consegui imaginar o que poderia ter acontecido.
— Seus documentos não foram aceitos. 
— Eu esqueci de preencher alguma lacuna? 
— Não, parece que o problema é sua assinatura. 
— Minha assinatura?? 
— Sim... Veja você mesma. 
Então, ela me mostrou duas assinaturas. A minha assinatura normal e a anormal, que foi a causadora do problema. Na assinatura anormal, havia uma letra "D" muito maior do que a da assinatura normal. Eu só precisei assinar o papel de novo. O problema em questão foi facilmente resolvido, mas... 
EU NÃO TENHO NOME ALGUM COM LETRA "D"!!!! 

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

As intermitências da morte

José Saramago - 208 páginas - Companhia das Letras

Sem dúvida, Saramago foi um grande escritor. As intermitências da morte é brilhante. A construção da narrativa é muito bem feita, com dois conflitos centrais, de caráter totalmente diferentes, mas diretamente relacionados. Saramago mostra uma face pouco explorada da imortalidade, com foco em suas implicações sociais. Além disso, ele também tem uma forma diferenciada de mostrar a morte. Eu só tinha visto isso antes em Sandman, do Neil Gaiman, outro escritor brilhante. Escrever sobre a morte como uma personagem, mostrando seus conflitos, é muito fácil; difícil é fazê-lo tão maravilhosamente bem como esses dois escritores conseguem.

Conselho de Amiga


Resenha 
A frase que descreve perfeitamente esse livro é "Nada é o que parece", é exatamente isso, fui surpreendida completamente com essa história!
Siobhan escreve maravilhosamente bem nesse livro, já tinha lido outro livro dela o "Não sou este tipo de garota" e achei muito boa a historia, mas Conselho de amiga me surpreendeu, ela conseguiu passar a mensagem do livro sem ser chato e nem cansativo também, quando você se dá conta, o livro já terminou!
A protagonista tem muitos problemas em sua vida, e isso aproxima muito o leitor dos personagens; mas nem por isso a Ruby se torna fria e nem mau humorada, pelo contrário, ela é doce, amiga e amável, mas também é muito determinada, impulsiva e forte acima de todas as suas qualidades!
Ela ganha em seu aniversário de sua mãe uma câmera Polaroid usada mas que da uma guinada em sua vida; pelo que me pareceu; a Ruby conseguia enxergar mais nitidamente a vida  com a câmera antiga e cheia de defeitos do que com os seus próprios olhos. Sua vida é bem complicada ela vive apenas com a sua mãe e ficou 6 anos sem ver o pai, mas com a ajuda de sua amiga Beth, ela conseguiu seguir em frente, mas tudo muda quando o seu pai volta em seu aniversário.
Outro tema bem explorado na trama do livro é a Fotografia, a autora apresenta diversos fotógrafos famosos e os seus estilos, dá uma nova vida ao significado enxergar através das lentes da câmera. Acho super interessante isso pois mostra que é um livro diferente e expressivo.
O que dá a surpresa da trama é que Beth sabe de um segredo que implicava diretamente em sua vida.
"Conselho de Amiga - Se não dá para confiar em seus amigos, em quem confiar?"Vale muito a pena parar para ler! :)

Patricia Cabot parte 2 !


Olá bookaholics!^^
Faz muito tempo que não escrevo por aqui, mas acabei lendo um post da minha amiga e co-autora do blog Rebecca, e fiquei animada em escrever um post sobre a minha amada e queridissima Meg Cabot/Patricia Cabot *o*
Li inumeros livros da Meg desde os romances sobrenaturais como A Mediadora que eu sou apaixonada *-* até os romances históricos dela como A Rosa do Inverno, Retratos do meu coração,Aprendendo a Seduzir, entre outros.
Fiquei fascinada com a escrita dela, gosto muito de livros engraçados e romances de tirar o folêgo. Ela consegue ter criatividade para criar vários enredos diferente, mas sem perder a graça e faz com que nós torçamos para o casal em questão. Sempre fico irada com as protagonistas dos livros dela, elas sempre se fazem de dificies mesmo estando loucamente apaixonadas pelos mocinhos! Como isso me chateia! haha mas vamos e convenhamos, que garota/mulher não se faz de dificil para conquistar um coração de um homem? Esse jogo de sedução é o que mais me encanta e me diverte nos livros dela, fora as capas e edições feitas pelas editoras que eu babo miiiiil!
Resumindo meu pequeno post, super recomendo a leitura de Meg Cabot, ela consegue desconstruir cenários pré fabricados e os transforma em histórias deliciosas que valem muito a pena ser lidas! =]

sábado, 18 de agosto de 2012

Patricia Cabot

A Giselle, dona deste blog, tem me emprestado muitos livros. Foi ela quem me apresentou Patricia Cabot. Não que eu não conhecesse Meg Cabot, essa eu conhecia sim, por causa do Diário da Princesa. Aliás, eu gostei muito do Diário da Princesa. Gostei muito sim, mas não ao ponto de ler a série completa. Li o primeiro, o último e mais Liberte meu coração que representa para a série o que pode-se chamar de... um extra. Digo a você, meu caro leitor, que não senti falta de um livro sequer fazendo isso. Enfim, gostaria de fazer alguns comentários acerca de três romances históricos da autora.

Atenção! Zona de spoleirs a seguir!

Pode beijar a noiva - Dos três, é o que mais faz o meu estilo. Parece muito um Jane Austen, exceto pelas três cenas quentes. Essas cenas não são chocantes nem forçadas. Apesar do casal envolvido já estar casado, as cenas picantes são importantes para o enredo. Há uma menção a uma modelo francesa, que não contribuiu para uma melhor ambientação no século XIX. Apesar dessa escorregada, a história não é mal ambientada no espaço-tempo que a autora pretendia. É um livro de rápida leitura, com uma história de amor bonita, cenas picantes na medida e final feliz. Aprovadíssimo!

Liberte meu coração - É atribuído à Princesa Mia, com a ajuda de Meg Cabot, mas o estilo é todo de Patricia Cabot. É um livro engraçadíssimo, com a vítima de sequestro mais divertida que já vi num livro. A autora pretendia ambientar a história na Idade Média, mas definitivamente não conseguiu. O Feudalismo é mostrado, mas não há como sentir a atmosfera medieval com a heroína andando de calças apertadas durante o livro inteiro sem sequer sofrer uma tentativa de violência sexual. Lendo esse livro, eu descobri uma fórmula mágica:
Orgulho e Preconceito + Liberte meu coração = Rosa do Inverno

Rosa do Inverno - Ah, como eu estava ansiosa para escrever sobre esse! Primeiro, gostaria de fazer uma piadinha com o título original. Where roses grow wild: They really grow WILD there, hehehe. Bem, voltando à resenha. Achei impressionante como copiar a história de um autor sem deixar que a cópia seja reconhecida pelo estilo do autor copiado.
O texto chega a ser informal demais, mais do que o aceitável para um romance histórico (por causa dos diálogos) e há muitos erros históricos no livro. Por exemplo, em determinado momento do livro, um homem diz a uma jovem de 21 anos que ela está muito nova para casar. Como isso seria possível na época, se meninas de 15 anos já eram consideradas mais do que prontas para o casamento? Para piorar, a autora perde a mão nas cenas quentes. As cenas picantes, além de muitas, são irrelevantes para o enredo. Assim, você não consegue, nem com muito esforço, visualizar a história acontecendo na época que a autora escolheu para ambientar a história. A não ser que... você tenha lido Orgulho e Preconceito!! Compare:

Mr. Darcy....................................Lord Edward Rawlings 
Miss Caroline Bingley.......................Lady Arabella Ashbury 
Mr. Charles Bingley........................Mr. Alistair Cartwright 
Mr. Collins..................................Mr. Jonathan Richlands 
Mr. Bennet.............................................Mr. McDougal 
Miss Elizabeth Bennet......................Miss Pegeen McDougal 
Miss Jane Bennet................................Miss Anne Herbert 
Miss Lydia Bennet........................Miss Katherine McDougal 
Mr. Wickham.....................................Lord John Rawlings

Não é mostrado em Orgulho e Preconceito, mas Lydia Bennet provavelmente terminaria como Kathy, uma prostituta famosa. Só acho que isso não poderia acontecer porque Mr. Darcy e Mar. Bingley jamais deixariam que qualquer coisa ameaçasse a honra de suas amadas esposas.

Rosa do Inverno deveria se chamar Desconstruindo Orgulho e Preconceito. É péssimo como romance histórico, mas é perfeito como comédia. Imagine Mr. Bingley como um Don Juan e Mr. Darcy tendo casos com quarentonas casadas! O que diria Lady Catherine de Bourgh? Afinal, are the shades of Pemberley to be thus polluted?

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Canções de amor e comportamento humano

No mundo existem mais músicas falando sobre amor do que sobre qualquer outra coisa. Se músicas influenciassem as pessoas, estaríamos nos amando uns aos outros. Frank Zappa
Inúmeras canções de amor mostram um homem dizendo a uma mulher como ela é especial, dizendo que ela a ama, que quer casar-se com ela, que ela é maravilhosa do jeito que é, etc. Por que tantas canções em que um homem diz a uma mulher exatamente o que ela quer ouvir? A resposta é tão, tão óbvia: Porque os homens simplesmente não dizem essas coisas! É claro que homens podem ser românticos, mas o romantismo deles tem limite. Mesmo assim, os românticos são extremamente raros. Além de tudo isso, os verdadeiros românticos, que teoricamente teriam maior inclinação a cantar Grenade para suas amadas, com certeza, preferem mostrar seus sentimentos do que simplesmente falar.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Campo de batalha da mente


Joyce Meyer - 331 páginas - Ministérios Joyce Meyer
Eu só tenho dois comentários a fazer sobre esse livro:
1 - Estar insatisfeita com o casamento porque o marido chega em casa fedorento e de mau humor todo o santo dia é culpa da esposa? É claro que o sonho do Príncipe Encantado pode causar frustrações para as mulheres, sendo mais sensato manter expectativas mais realistas. Contudo, não há como desconsiderar a participação do marido na culpa pela infelicidade conjugal no exemplo exposto.
2 - Racionalização gera confusão!? Então, deveríamos queimar todos os nossos livros e fechar todas as escolas e universidades. Os prédios seriam muito melhor usados como salões de beleza e spás, certo? É esse tipo de pensamento (pensando bem, é até paradoxal chamar isso de pensamento) que faz com que terceiros julguem a religião como ópio do povo. Assim, até eu. Se esse tipo de religioso fosse o único que eu conhecesse, eu teria certeza de que, das duas uma: ou a religião emburrece, ou a religião é feita para pessoas intelectualmente limitadas. Na condição de cristã, fiquei extremamente ofendida ao ler esse livro, porque sei que também acabo sendo julgada por esse tipo de coisa, como se fôssemos farinha do mesmo saco.

domingo, 12 de agosto de 2012

Up


Quando vi essa imagem, ainda não tinha visto a animação. Meu primeiro pensamento foi: Como se fosse difícil superar Crepúsculo... Até porque eu tinha um pé atrás em relação ao longa-metragem por ter sido muito bem recomendado por uma conhecida de gosto duvidoso. Acabei me surpreendendo. Em menos de 10 minutos, esse desenho animado me fez chorar mais do que a morte da minha cadelinha de estimação, quando eu era criança! Então, quando você relaxa, pensando que a parte da cortação-de-cebola já acabou, no final do filme, ou do livro, há um detalhe ainda mais capaz de provocar enchentes oculares. Uma animação original, muito bem contruída e com um poder de catarse impressionante. Pixar criou uma melhor história de amor em 8 minutos do que Crepúsculo fez em 4 livros. Fato.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

O namorado perfeito (Zettai Kareshi)



Night é o namorado perfeito: Charmoso, dependente, inteligente, atlético, bem-vestido, sensível, devoto e completamente leal. Por causa do seu desconhecimento sobre certos eventos sociais, ele às vezes acaba chamando muito a atenção. Além disso, ele é um andróide de alto design, parece ter emoções reais e quer se tornar mais humano e ser um namorado melhor para Riiko. Fonte: Wikipédia

Como citei o mangá no meu post sobre o Amante da Fantasia, achei mais justo falar um pouco sobre Zettai Kareshi. Observe a descrição de Night e compare-o com Julian. São praticamente idênticos. A única diferença é que Julian não é um andróide, mas sua condição de Pseudo Dark Hunter (para você que achava que ele era um verdadeiro Dark Hunter e para você que nem sabia que existia essa diferenciação) não o deixa por baixo. 
Zettai Kareshi é a história de uma adolescente, com crises existenciais adolescentes, especialmente referentes à sua praticamente ainda inexistente vida amorosa (nunca tinha namorado e sempre foi rejeitada pelos garotos de quem se aproximou). O diferencial da história é que ela tenta resolver seus problemas com um robô amante. É, robô amante, tipo aquele do AI - Inteligência Artificial, sabe? (Claro que o Night é mais bonito e parece mais jovem do que esse outro robô amante.) Só que Riiko queria só um namorado, não um amante, se é que você me entende... Além desse detalhe tão pequeno deles dois, rs, há outro personagem na história que é apaixonado por ela. Então, junto a um triângulo amoroso, temos a questão do relacionamento humano-robô. É engraçado eu ter citado AI, porque o filme trata exatamente disso.
A história do namorado perfeito é aparentemente fraca, mas como mangás são lidos muito rapidamente e esse tem poucos volumes, é possível terminar de ler antes de entediar-se. Apesar da minha análise dura, eu recomendo. Se você tem mais de 30 anos, provavelmente não vai gostar, mas eu li o mangá quando estava no Ensino Médio e achei muito divertido. 

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Estilo Julian da Macedônia

Logo depois de ler Amante da Fantasia, esbarrei com esta imagem no 9GAG. Não pude deixar de lembrar do irresistível Julian. Verdade verdadeira, no melhor estilo Dark Hunter:

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Amante da Fantasia (Fantasy Lover)

Sherrilyn Kenyon - 336 páginas - Novo século

Não pude acreditar em meus olhos quando li esse livro. Enquanto o lia, por várias vezes dei gargalhadas incontroláveis. Para falar a verdade, eu me senti lendo um filme pornô. Digno de passar no Cine Band Privé. A história é um roteiro de filme pornô. A única diferença é que gargalhar não é o que se pode chamar de... catarse típica de filmes pornográficos. 
Quanto à história em si, a receita é fácil: 
Junte O namorado perfeito (Zettai Kareshi) com Mitologia Grega e esquente
Amante da Fantasia é exatamente o que você vai obter. 

O Príncipe Encantado que se cuide, porque as novinhas agora só vão querer saber dos Dark Hunters! Oh! Julian da Macedônia, Julian da Macedônia, Julian da Macedônia! hahaha

sábado, 4 de agosto de 2012

A intransitividade do verbo SER


Uma das coisas que me fascinam é a nem sempre compreendida intransitividade do verbo ser. Não entendo o porquê dos professores da escola que eu frequentava ignorarem isso. O verbo ser, como um verbo intransitivo, traduz tão bem a existência. Você nunca reparou que algumas coisas simplesmente são?

No princípio era o verbo. O verbo SER. Conjugava-se apenas no infinito. SER, e nada mais. Intransitivo absoluto. Isso foi no princípio. Depois transigiu, e muito. Em vários modos, tempos e pessoas. Ah, nem queiras saber o que são as pessoas: eu, tu, ele, nós, vós, eles... Principalmente eles! E, ante essa dispersão lamentável, essa verdadeira explosão do SER em seres, até hoje os anjos ingenuamente se interrogam por que motivo as referidas pessoas chamam isso de Criação... Mário Quintana