terça-feira, 28 de agosto de 2012

Jane Eyre

Charlotte Brontë - Jane Eyre (título original)

Para fazer Jane Eyre, eu daria a seguinte receita:

  • A história de amor de Orgulho e Preconceito;
  • O tormento do fantasma da primeira esposa de Rebecca;
  • Um pouco de sofrimento, presente em Morro dos ventos uivantes

Não acho que as obras em questão sejam comparáveis, uma vez que possuem focos diferentes. Contudo, pode-se fazer correlações entre elementos presentes nessas obras. A infância de Jane Eyre inevitavelmente me fez lembrar da infância dos intensos personagens de O morro dos ventos uivantes. Confesso que até pensei, "que droga, aquele melodrama de novo; querer um final feliz é pedir demais?". Como as autoras são irmãs, pensei que Charlotte tivesse o mesmo gosto pelo sofrimento humano de Emily, mas a semelhança entre elas é outra. Como sua irmã Emily, a autora de Jane Eyre sabe conduzir o leitor na narrativa. Em um momento, o leitor sofre com a protagonista; em outro, ela esquece seu sofrimento e o mesmo faz o leitor. Apesar de ter algo de Orgulho e Preconceito, com um Mr. Darcy à la Brontë, não é previsível como os romances de Jane Austen. 
O que relaciona Rebecca e Jane Eyre (menciono aqui os romances e não as personagens) é somente o contexto da outra mulher. O foco de Jane Eyre não é esse, embora seja o caso de Rebecca. Além disso, a atitude das segundas esposas em questão é totalmente diferente. Jane é mesmo muito diferente da segunda Mrs de Winter. O interessante é que, na minha edição de Rebecca (Virago Modern Classics, 441 páginas), Jane Eyre é citado. 

O que eu acho mais fantástico em Jane Eyre é que a autora encontrou o equilíbrio perfeito entre o tudo-dando-certo, de Jane Austen, e o tudo-dando-errado, presente em Morro dos ventos uivantes. O que eu quero dizer é que não é água-com-açúcar, mas também não é lágrimas-com-fel. Ou seja, é exatamente a vida como ela é. Jane tem momentos bons e momentos ruins, assim como você e eu. Apesar de alguns elementos incomuns, o leitor se sente como se estivesse diante da vida de uma pessoa real, com altos e baixos. 
Outra coisa fantástica em Jane Eyre é a imprevisibilidade. Quando passei da metade do livro, ainda não tinha a menor ideia do que aconteceria. Realmente é um ótimo livro.

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